Estudo mapeia violência em escolas públicas
DA FOLHA RIBEIRÃO
Numa escola, a diretora negocia com alunos para evitar depredações. Em outra, 72% dos estudantes dizem ser vítimas de bullyng. Em mais uma, 71% dos professores afirmam ter baixa autoestima.
Os cenários constituem um retrato de escolas públicas da região de Ribeirão Preto feito pelo Observatório da Violência e Práticas Exemplares da Universidade de São Paulo.
Entre 2007 e 2008, 30 pesquisadores ligados ao Observatório analisaram e praticaram ações de intervenção nas unidades de ensino. Após a experiência, fizeram relatórios que serão reunidos num livro sobre violência nas escolas dessa região do interior.
Um dos casos, ocorrido na escola Professora Glete de Alcântara, na periferia da cidade, fez a pesquisadora Márcia Batista comparar o episódio a situações vividas em presídios.
Isso porque a direção da escola precisou negociar uma maneira de evitar as depredações. Em troca da ordem, oferecia cachorro-quente aos alunos num dia da semana, por exemplo.
A dirigente regional de ensino de Ribeirão, Gertrudes Aparecida Ferreira, diz que as considerações sobre a Glete de Alcântara são carregadas de "uma certa dose de exagero".
A dirigente afirmou desconhecer qualquer tipo de negociação com os alunos para evitar depredações.
domingo, 24 de maio de 2009
Laptop para docente tem versões diferentes
Professores que aderiram ao programa do governo estadual pagaram o mesmo valor, mas só alguns receberam webcam
Empresa afirma que usou máquinas do estoque para agilizar entrega , sem custo adicional; governo diz que próximo lote virá com câmera
programa de compra de laptops com ajuda do governo têm recebido computadores com acessórios diferentes, apesar de terem pago o mesmo preço.
O projeto prevê auxílio do governo estadual no financiamento das máquinas aos docentes, com parcelamento em até 24 vezes sem juros, e preços abaixo do mercado.
As primeiras 10 mil máquinas entregues no projeto possuíam webcam (câmera).
O acessório não consta nas demais (cerca de 17.500).
Segundo integrantes do governo José Serra (PSDB), as exigências da licitação não previam o equipamento.
A inclusão da câmera no primeiro lote, dizem, foi feita por decisão da Positivo Informática, vencedora da disputa.
A empresa afirma que, num primeiro momento, possuía em estoque apenas máquinas que dispunham da webcam.
Por essa razão, para não atrasar a entrega, enviou os computadores com o equipamento não exigido na especificação, sem custo adicional para o governo, entre março e abril.
A empresa afirma que, quando conseguiu repor o estoque, passou a enviar as máquinas sem as câmeras.
"Só comprei o laptop porque vi os dos colegas, completinhos. Quando o meu chegou, fiquei decepcionada", afirmou uma professora de Capivari (135 km de SP), que pediu para que seu nome não fosse publicado.
Ela recebeu a máquina na semana passada. "É injusto, porque paguei o mesmo preço".
Pedido
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação disse que pediu à Positivo que inclua a câmera nos próximos lotes. A empresa, que também se manifestou por nota, não cita a inclusão do acessório nas máquinas.
A fornecedora disse que enviou laptops com câmeras "de forma a priorizar a entrega dos equipamentos aos professores, honrando o compromisso com os professores e com o governo do Estado de São Paulo".
Por meio do programa, o professor pode comprar o laptop em até 24 parcelas de R$ 72,42, o que representa R$ 1.738 no total. À época do lançamento, feito por Serra, a máquina estava estimada pela secretaria em R$ 2.500, que afirmava que gastaria R$ 15 milhões para garantir o juro zero.
Apresentado em outubro de 2008, com previsão para início em dezembro, o programa só passou a entregar os computadores em março deste ano.
Segundo o governo, o atraso ocorreu porque houve mudança da configuração do equipamento a ser adquirido, mais moderno e pelo mesmo preço.
Empresa afirma que usou máquinas do estoque para agilizar entrega , sem custo adicional; governo diz que próximo lote virá com câmera
programa de compra de laptops com ajuda do governo têm recebido computadores com acessórios diferentes, apesar de terem pago o mesmo preço.
O projeto prevê auxílio do governo estadual no financiamento das máquinas aos docentes, com parcelamento em até 24 vezes sem juros, e preços abaixo do mercado.
As primeiras 10 mil máquinas entregues no projeto possuíam webcam (câmera).
O acessório não consta nas demais (cerca de 17.500).
Segundo integrantes do governo José Serra (PSDB), as exigências da licitação não previam o equipamento.
A inclusão da câmera no primeiro lote, dizem, foi feita por decisão da Positivo Informática, vencedora da disputa.
A empresa afirma que, num primeiro momento, possuía em estoque apenas máquinas que dispunham da webcam.
Por essa razão, para não atrasar a entrega, enviou os computadores com o equipamento não exigido na especificação, sem custo adicional para o governo, entre março e abril.
A empresa afirma que, quando conseguiu repor o estoque, passou a enviar as máquinas sem as câmeras.
"Só comprei o laptop porque vi os dos colegas, completinhos. Quando o meu chegou, fiquei decepcionada", afirmou uma professora de Capivari (135 km de SP), que pediu para que seu nome não fosse publicado.
Ela recebeu a máquina na semana passada. "É injusto, porque paguei o mesmo preço".
Pedido
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação disse que pediu à Positivo que inclua a câmera nos próximos lotes. A empresa, que também se manifestou por nota, não cita a inclusão do acessório nas máquinas.
A fornecedora disse que enviou laptops com câmeras "de forma a priorizar a entrega dos equipamentos aos professores, honrando o compromisso com os professores e com o governo do Estado de São Paulo".
Por meio do programa, o professor pode comprar o laptop em até 24 parcelas de R$ 72,42, o que representa R$ 1.738 no total. À época do lançamento, feito por Serra, a máquina estava estimada pela secretaria em R$ 2.500, que afirmava que gastaria R$ 15 milhões para garantir o juro zero.
Apresentado em outubro de 2008, com previsão para início em dezembro, o programa só passou a entregar os computadores em março deste ano.
Segundo o governo, o atraso ocorreu porque houve mudança da configuração do equipamento a ser adquirido, mais moderno e pelo mesmo preço.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
MEC quer trocar matérias por áreas temáticas
A intenção é eliminar a atual divisão do conteúdo em 12 disciplinas no ensino médio e criar quatro grupos mais amplos
Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação; União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos Estados
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas; matemática; humanas; e exatas e biológicas).
Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.
A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito obrigatório).
O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será outro indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.
Liberdade
Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).
Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades dos estudantes.
O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média nacional.
O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo.
"A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12 disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o entorno, a vida prática", disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas para 3.000 horas, acréscimo de 25%).
"A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre si", afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.
"A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver sentido no que está aprendendo", disse Neves.
A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador. "Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil, mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar em disciplinas. Vai exigir muito treinamento."
O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos custos.
O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que dará parecer favorável. "Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino médio."
Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação; União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos Estados
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas; matemática; humanas; e exatas e biológicas).
Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.
A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito obrigatório).
O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será outro indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.
Liberdade
Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).
Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades dos estudantes.
O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média nacional.
O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo.
"A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12 disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o entorno, a vida prática", disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas para 3.000 horas, acréscimo de 25%).
"A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre si", afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.
"A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver sentido no que está aprendendo", disse Neves.
A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador. "Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil, mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar em disciplinas. Vai exigir muito treinamento."
O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos custos.
O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que dará parecer favorável. "Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino médio."
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Piores escolas no Enem têm 60% dos alunos
No país, há 598,7 mil jovens que estudaram em colégios que ficaram abaixo da média nacional; pior situação é das públicas estaduais
A nota baixa no exame significa mais dificuldades para ingressar no ensino superior e indica problemas no ensino dessas unidades
Escolas que estão abaixo da média nacional do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) concentram 60% dos estudantes que fizeram a prova. Em números absolutos, são 598,6 mil alunos que se formaram em colégios de baixa qualidade.
Os dados foram tabulados pela Folha, com base nos dados do Ministério da Educação.
Numa escala de até 100 pontos, a média ficou em 49,45. Ficaram abaixo do patamar 11.932 escolas (do total de 19.117).
O Enem é uma prova optativa para alunos que se formam no antigo colegial. O exame, com testes e redação, prioriza o raciocínio frente a situações-problema (por exemplo, uma questão que aborda a melhor forma de vencer o jogo-da-velha). O modelo é diferente de vestibulares, que cobram conteúdo específico do currículo.
A prova é utilizada como parte da seleção de calouros para universidades e para concessão de bolsas de estudo em universidades privadas pelo Prouni (programa federal que beneficia alunos da rede pública).
Assim, nota baixa no Enem significa mais dificuldades para ingressar no ensino superior.
Também aponta problemas na educação oferecida nas escolas.
João Cardoso Palma Filho, vice-presidente do Conselho Estadual de Educação e professor da Unesp, afirma que o dado traz um aspecto positivo, pois 40% dos alunos estão em escolas acima da média.
"Não é tão ruim, mesmo porque aumentou bastante o número de alunos no ensino médio nos últimos anos, a maior parte oriunda do ensino fundamental público. Mas claro que precisaria melhorar", disse.
Ele afirma que, nas escolas de ensino médio de pior qualidade, problemas como a falta de professores e o desinteresse dos alunos, em razão do foco específico no vestibular, prejudicam a aprendizagem.
"A melhora passa por uma necessidade de rever o currículo, não focalizá-lo só no vestibular, melhorar a formação dos professores, a estrutura, com bons laboratórios, por exemplo, e tentar diminuir a evasão, oferecendo disciplinas de caráter técnico profissionalizante."
Problemas na estrutura apareceram, por exemplo, no pior colégio público da capital paulista (escola estadual João Ernesto Faggin). Os alunos reclamam que não têm acesso livre à biblioteca e à sala de informática e que faltam docentes.
A Secretaria da Educação do governo José Serra (PSDB) diz que a unidade está passando por reforma e que as salas de leitura devem ficar abertas.
Problema nas públicas
Os piores resultados aparecem nas escolas públicas mantidas pelos Estados: 73,4% dos seus alunos estudaram em colégios abaixo da média. Na rede particular, a taxa foi de 2,4%. O melhor desempenho apareceu na rede federal (1,9%).
O presidente do Inep (instituto do MEC responsável pelo exame), Reynaldo Fernandes, afirmou que vai analisar os dados, pois o órgão priorizou os resultados por escola, e não análises globais do sistema.
A nota baixa no exame significa mais dificuldades para ingressar no ensino superior e indica problemas no ensino dessas unidades
Escolas que estão abaixo da média nacional do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) concentram 60% dos estudantes que fizeram a prova. Em números absolutos, são 598,6 mil alunos que se formaram em colégios de baixa qualidade.
Os dados foram tabulados pela Folha, com base nos dados do Ministério da Educação.
Numa escala de até 100 pontos, a média ficou em 49,45. Ficaram abaixo do patamar 11.932 escolas (do total de 19.117).
O Enem é uma prova optativa para alunos que se formam no antigo colegial. O exame, com testes e redação, prioriza o raciocínio frente a situações-problema (por exemplo, uma questão que aborda a melhor forma de vencer o jogo-da-velha). O modelo é diferente de vestibulares, que cobram conteúdo específico do currículo.
A prova é utilizada como parte da seleção de calouros para universidades e para concessão de bolsas de estudo em universidades privadas pelo Prouni (programa federal que beneficia alunos da rede pública).
Assim, nota baixa no Enem significa mais dificuldades para ingressar no ensino superior.
Também aponta problemas na educação oferecida nas escolas.
João Cardoso Palma Filho, vice-presidente do Conselho Estadual de Educação e professor da Unesp, afirma que o dado traz um aspecto positivo, pois 40% dos alunos estão em escolas acima da média.
"Não é tão ruim, mesmo porque aumentou bastante o número de alunos no ensino médio nos últimos anos, a maior parte oriunda do ensino fundamental público. Mas claro que precisaria melhorar", disse.
Ele afirma que, nas escolas de ensino médio de pior qualidade, problemas como a falta de professores e o desinteresse dos alunos, em razão do foco específico no vestibular, prejudicam a aprendizagem.
"A melhora passa por uma necessidade de rever o currículo, não focalizá-lo só no vestibular, melhorar a formação dos professores, a estrutura, com bons laboratórios, por exemplo, e tentar diminuir a evasão, oferecendo disciplinas de caráter técnico profissionalizante."
Problemas na estrutura apareceram, por exemplo, no pior colégio público da capital paulista (escola estadual João Ernesto Faggin). Os alunos reclamam que não têm acesso livre à biblioteca e à sala de informática e que faltam docentes.
A Secretaria da Educação do governo José Serra (PSDB) diz que a unidade está passando por reforma e que as salas de leitura devem ficar abertas.
Problema nas públicas
Os piores resultados aparecem nas escolas públicas mantidas pelos Estados: 73,4% dos seus alunos estudaram em colégios abaixo da média. Na rede particular, a taxa foi de 2,4%. O melhor desempenho apareceu na rede federal (1,9%).
O presidente do Inep (instituto do MEC responsável pelo exame), Reynaldo Fernandes, afirmou que vai analisar os dados, pois o órgão priorizou os resultados por escola, e não análises globais do sistema.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Maria Helena sai da Educação estadual e cede para Paulo Renato
São Paulo - A Secretária do Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, pediu demissão do cargo ao governador José Serra. "Já cumpri minhas metas", disse ao 'Estado'. Professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), fica no cargo até dia 15 de abril, quando será substituída pelo ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso Paulo Renato Souza. "Ele tem mais peso político para as eleições de 2010", disse Maria Helena sobre Paulo Renato. A mudança de Secretaria seria parte das ações que o governo do Estado está para tomar antes das eleições presidenciais de 2010.
Veja também:
Série de vídeos com a secretária Maria Helena
Idesp aponta melhora no desempenho dos alunos
SP tem 1/3 dos docentes temporários
Apeoesp: Serra não admite erro em teste de professores
Na semana passada, o governo divulgou os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), que mostrou que 70% das escolas da rede estadual melhoraram entre 2007 e 2008. Maria Helena, no entanto, diz que tem sofrido pressões da imprensa. Serra não teria gostado também de reportagens que mostraram erros em livros de geografia distribuídos na rede, que mostravam dois Paraguais em mapas da América do Sul. "Não sei ainda o que vou fazer, se volto para a Unicamp ou se adianto a minha aposentadoria", completou Maria Helena. Ela trabalhou com Paulo Renato durante todo o governo Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Educação (MEC). Foi secretária executiva do ministério e também presidente do Inep. Paulo Renato teria convidado Maria Helena a continuar como assessora de área de avaliações na secretaria.
Convite no domingo
O economista e deputado federal Paulo Renato Souza foi convidado a assumir a Secretaria de Educação do Estado pelo governador de São Paulo, José Serra, no último domingo, 22, segundo informações da assessoria do gabinete do deputado.
Paulo Renato aceitou o cargo e esperou o próprio governador fazer o anúncio, que será realizado ao meio-dia desta sexta-feira, 27, de acordo com o gabinete.
A socióloga Maria Helena Guimarães de Castro vai permanecer na equipe da Secretaria, conforme informações do Gabinete do deputado. A troca dos secretários ainda não foi confirmada pela Secretaria de Educação.
Histórico
Maria Helena assumiu em julho de 2007 e implantou metas para escolas estaduais baseadas no Saresp, reformulou o bônus que os funcionários recebiam e o vinculou ao desempenho das escolas, e enfrentou uma das maiores greves de professores já realizada. A paralisação durou quase um mês. Os professores eram contra a mudança no material didático, nos critérios de bônus e o corte de benefícios como o Adicional Local de Exercício.
Resultados do Idesp
O ensino fundamental da rede estadual de São Paulo avançou pouco no último ano, segundo dados divulgados pelo governo do Estado. O Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) dos alunos de 1ª a 8ª série aumentou menos de 3% entre 2007 e 2008 e sequer chegou a nota 4, numa escala de 0 a 10. O cálculo do indicador leva em conta o desempenho dos estudantes numa prova feita pelo governo, o Saresp, e a quantidade de alunos na série correta para a idade.
Por outro lado, o ensino médio (antigo colegial) aumentou seu Idesp de 1,41 para 1,95, crescimento de quase 40% de um ano para outro. Segundo especialistas, como as escolas desse nível já tinham o pior desempenho havia mais espaço para melhora.
Há um Idesp para cada ciclo de ensino e não é possível ter um índice geral do Estado. No ciclo de 1ª a 4ª série, o indicador subiu de 3,23 para 3,25. No de 5ª a 8ª foi de 2,54 para 2,6.
O Idesp foi divulgado pela primeira vez no ano passado, quando a secretaria mostrou o índice de 2007 e traçou metas para cada escola que deveriam ser alcançadas em 2008. Dependendo da meta a que cada escola chegou, o governo vai distribuir bônus salariais para professores e funcionários. Apesar de o índice ter aumentado pouco e ser ainda baixo, a maioria das cerca de 5 mil escolas (71,4%) chegou à meta esperada em pelo menos um dos ciclos. O melhor resultado foi também no ensino médio, em que 84,4% das escolas alcançaram ou superaram a meta.
Veja também:
Série de vídeos com a secretária Maria Helena
Idesp aponta melhora no desempenho dos alunos
SP tem 1/3 dos docentes temporários
Apeoesp: Serra não admite erro em teste de professores
Na semana passada, o governo divulgou os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), que mostrou que 70% das escolas da rede estadual melhoraram entre 2007 e 2008. Maria Helena, no entanto, diz que tem sofrido pressões da imprensa. Serra não teria gostado também de reportagens que mostraram erros em livros de geografia distribuídos na rede, que mostravam dois Paraguais em mapas da América do Sul. "Não sei ainda o que vou fazer, se volto para a Unicamp ou se adianto a minha aposentadoria", completou Maria Helena. Ela trabalhou com Paulo Renato durante todo o governo Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Educação (MEC). Foi secretária executiva do ministério e também presidente do Inep. Paulo Renato teria convidado Maria Helena a continuar como assessora de área de avaliações na secretaria.
Convite no domingo
O economista e deputado federal Paulo Renato Souza foi convidado a assumir a Secretaria de Educação do Estado pelo governador de São Paulo, José Serra, no último domingo, 22, segundo informações da assessoria do gabinete do deputado.
Paulo Renato aceitou o cargo e esperou o próprio governador fazer o anúncio, que será realizado ao meio-dia desta sexta-feira, 27, de acordo com o gabinete.
A socióloga Maria Helena Guimarães de Castro vai permanecer na equipe da Secretaria, conforme informações do Gabinete do deputado. A troca dos secretários ainda não foi confirmada pela Secretaria de Educação.
Histórico
Maria Helena assumiu em julho de 2007 e implantou metas para escolas estaduais baseadas no Saresp, reformulou o bônus que os funcionários recebiam e o vinculou ao desempenho das escolas, e enfrentou uma das maiores greves de professores já realizada. A paralisação durou quase um mês. Os professores eram contra a mudança no material didático, nos critérios de bônus e o corte de benefícios como o Adicional Local de Exercício.
Resultados do Idesp
O ensino fundamental da rede estadual de São Paulo avançou pouco no último ano, segundo dados divulgados pelo governo do Estado. O Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) dos alunos de 1ª a 8ª série aumentou menos de 3% entre 2007 e 2008 e sequer chegou a nota 4, numa escala de 0 a 10. O cálculo do indicador leva em conta o desempenho dos estudantes numa prova feita pelo governo, o Saresp, e a quantidade de alunos na série correta para a idade.
Por outro lado, o ensino médio (antigo colegial) aumentou seu Idesp de 1,41 para 1,95, crescimento de quase 40% de um ano para outro. Segundo especialistas, como as escolas desse nível já tinham o pior desempenho havia mais espaço para melhora.
Há um Idesp para cada ciclo de ensino e não é possível ter um índice geral do Estado. No ciclo de 1ª a 4ª série, o indicador subiu de 3,23 para 3,25. No de 5ª a 8ª foi de 2,54 para 2,6.
O Idesp foi divulgado pela primeira vez no ano passado, quando a secretaria mostrou o índice de 2007 e traçou metas para cada escola que deveriam ser alcançadas em 2008. Dependendo da meta a que cada escola chegou, o governo vai distribuir bônus salariais para professores e funcionários. Apesar de o índice ter aumentado pouco e ser ainda baixo, a maioria das cerca de 5 mil escolas (71,4%) chegou à meta esperada em pelo menos um dos ciclos. O melhor resultado foi também no ensino médio, em que 84,4% das escolas alcançaram ou superaram a meta.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Nota zero
Avaliação medíocre de professores estaduais de São Paulo indica urgência de radicalizar critérios de mérito na rede de ensino
É LAMENTÁVEL , tanto mais por não trazer surpresa nenhuma, o resultado da prova de classificação para professores temporários aplicada pelo governo estadual de São Paulo. Nada menos que 1.500 docentes foram incapazes de acertar uma única questão entre as 25 do teste de conhecimento. E todos eles, absurdo dos absurdos, estarão em sala de aula na próxima segunda-feira.
O contingente dos nota-zero representa só 1,5% do universo de 100 mil temporários -necessários para completar o quadro, dada a carência de profissionais concursados-, num corpo docente de 230 mil. Trata-se, porém, da famigerada ponta do iceberg: estimativa preliminar indica que 50% não obtiveram nem nota cinco. Poucos acreditam que a situação entre os 130 mil concursados seja muito melhor.
Tal retrato medonho da educação no Estado mais desenvolvido do país motivou nova queda-de-braço entre a Secretaria da Educação, que mal ou bem busca enfrentar a questão da qualidade no ensino, e o sindicato dos professores (Apeoesp), sempre pronto à mais retrógrada defesa dos interesses menores da corporação. Uma tragédia de erros.
Estudantes e suas famílias saem perdendo, para variar. O único efeito da avaliação dos temporários até agora foi o adiamento das aulas, pois uma liminar obtida pela Apeoesp suspendeu os efeitos da prova, que tinha defeitos em demasia, registre-se.
Na rede estadual, são os profissionais que escolhem em que estabelecimento darão aula. A avaliação seria um critério, baseado no mérito, para determinar a primazia das escolhas. Diminuiria o peso de quesitos como antiguidade e títulos.
Medido o estrago, resta agora radicalizar a proposta. É imperioso estender a avaliação a todo o corpo docente, concursado ou não. Constitui obrigação do professor dominar o conhecimento que pretende transmitir ao aluno e dele exigir em provas. Não cabe falar aqui em ímpeto punitivo, eterno argumento diversionista da Apeoesp.
Há consenso em torno da ideia de que o ciclo vicioso de degradação do ensino só será rompido com a revalorização da carreira docente. Os bons resultados de nações como Finlândia e Coreia do Sul originaram-se da capacidade de atrair os melhores formandos das universidades para dar aulas na rede pública. Um objetivo no mínimo difícil de alcançar aqui, quando boa parte do professorado se compõe de docentes pouco qualificados que trabalham em regime precário.
Criar vagas permanentes e realizar concursos públicos, como promete o governo José Serra, é fundamental. Não, porém, para multiplicar o número de professores acomodados, quando não resistentes a aumentar sua qualificação e modernizar o ensino.
Plano de carreira e certa estabilidade, sim. Mas não sem promoções, oportunidades de requalificação e bônus vinculados a desempenho em avaliações criteriosas. E, muito menos, sem a possibilidade de retirar do sistema de ensino aqueles professores incapazes de dar as aulas pelas quais são pagos.
É LAMENTÁVEL , tanto mais por não trazer surpresa nenhuma, o resultado da prova de classificação para professores temporários aplicada pelo governo estadual de São Paulo. Nada menos que 1.500 docentes foram incapazes de acertar uma única questão entre as 25 do teste de conhecimento. E todos eles, absurdo dos absurdos, estarão em sala de aula na próxima segunda-feira.
O contingente dos nota-zero representa só 1,5% do universo de 100 mil temporários -necessários para completar o quadro, dada a carência de profissionais concursados-, num corpo docente de 230 mil. Trata-se, porém, da famigerada ponta do iceberg: estimativa preliminar indica que 50% não obtiveram nem nota cinco. Poucos acreditam que a situação entre os 130 mil concursados seja muito melhor.
Tal retrato medonho da educação no Estado mais desenvolvido do país motivou nova queda-de-braço entre a Secretaria da Educação, que mal ou bem busca enfrentar a questão da qualidade no ensino, e o sindicato dos professores (Apeoesp), sempre pronto à mais retrógrada defesa dos interesses menores da corporação. Uma tragédia de erros.
Estudantes e suas famílias saem perdendo, para variar. O único efeito da avaliação dos temporários até agora foi o adiamento das aulas, pois uma liminar obtida pela Apeoesp suspendeu os efeitos da prova, que tinha defeitos em demasia, registre-se.
Na rede estadual, são os profissionais que escolhem em que estabelecimento darão aula. A avaliação seria um critério, baseado no mérito, para determinar a primazia das escolhas. Diminuiria o peso de quesitos como antiguidade e títulos.
Medido o estrago, resta agora radicalizar a proposta. É imperioso estender a avaliação a todo o corpo docente, concursado ou não. Constitui obrigação do professor dominar o conhecimento que pretende transmitir ao aluno e dele exigir em provas. Não cabe falar aqui em ímpeto punitivo, eterno argumento diversionista da Apeoesp.
Há consenso em torno da ideia de que o ciclo vicioso de degradação do ensino só será rompido com a revalorização da carreira docente. Os bons resultados de nações como Finlândia e Coreia do Sul originaram-se da capacidade de atrair os melhores formandos das universidades para dar aulas na rede pública. Um objetivo no mínimo difícil de alcançar aqui, quando boa parte do professorado se compõe de docentes pouco qualificados que trabalham em regime precário.
Criar vagas permanentes e realizar concursos públicos, como promete o governo José Serra, é fundamental. Não, porém, para multiplicar o número de professores acomodados, quando não resistentes a aumentar sua qualificação e modernizar o ensino.
Plano de carreira e certa estabilidade, sim. Mas não sem promoções, oportunidades de requalificação e bônus vinculados a desempenho em avaliações criteriosas. E, muito menos, sem a possibilidade de retirar do sistema de ensino aqueles professores incapazes de dar as aulas pelas quais são pagos.
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