Estudo mapeia violência em escolas públicas
DA FOLHA RIBEIRÃO
Numa escola, a diretora negocia com alunos para evitar depredações. Em outra, 72% dos estudantes dizem ser vítimas de bullyng. Em mais uma, 71% dos professores afirmam ter baixa autoestima.
Os cenários constituem um retrato de escolas públicas da região de Ribeirão Preto feito pelo Observatório da Violência e Práticas Exemplares da Universidade de São Paulo.
Entre 2007 e 2008, 30 pesquisadores ligados ao Observatório analisaram e praticaram ações de intervenção nas unidades de ensino. Após a experiência, fizeram relatórios que serão reunidos num livro sobre violência nas escolas dessa região do interior.
Um dos casos, ocorrido na escola Professora Glete de Alcântara, na periferia da cidade, fez a pesquisadora Márcia Batista comparar o episódio a situações vividas em presídios.
Isso porque a direção da escola precisou negociar uma maneira de evitar as depredações. Em troca da ordem, oferecia cachorro-quente aos alunos num dia da semana, por exemplo.
A dirigente regional de ensino de Ribeirão, Gertrudes Aparecida Ferreira, diz que as considerações sobre a Glete de Alcântara são carregadas de "uma certa dose de exagero".
A dirigente afirmou desconhecer qualquer tipo de negociação com os alunos para evitar depredações.
domingo, 24 de maio de 2009
Laptop para docente tem versões diferentes
Professores que aderiram ao programa do governo estadual pagaram o mesmo valor, mas só alguns receberam webcam
Empresa afirma que usou máquinas do estoque para agilizar entrega , sem custo adicional; governo diz que próximo lote virá com câmera
programa de compra de laptops com ajuda do governo têm recebido computadores com acessórios diferentes, apesar de terem pago o mesmo preço.
O projeto prevê auxílio do governo estadual no financiamento das máquinas aos docentes, com parcelamento em até 24 vezes sem juros, e preços abaixo do mercado.
As primeiras 10 mil máquinas entregues no projeto possuíam webcam (câmera).
O acessório não consta nas demais (cerca de 17.500).
Segundo integrantes do governo José Serra (PSDB), as exigências da licitação não previam o equipamento.
A inclusão da câmera no primeiro lote, dizem, foi feita por decisão da Positivo Informática, vencedora da disputa.
A empresa afirma que, num primeiro momento, possuía em estoque apenas máquinas que dispunham da webcam.
Por essa razão, para não atrasar a entrega, enviou os computadores com o equipamento não exigido na especificação, sem custo adicional para o governo, entre março e abril.
A empresa afirma que, quando conseguiu repor o estoque, passou a enviar as máquinas sem as câmeras.
"Só comprei o laptop porque vi os dos colegas, completinhos. Quando o meu chegou, fiquei decepcionada", afirmou uma professora de Capivari (135 km de SP), que pediu para que seu nome não fosse publicado.
Ela recebeu a máquina na semana passada. "É injusto, porque paguei o mesmo preço".
Pedido
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação disse que pediu à Positivo que inclua a câmera nos próximos lotes. A empresa, que também se manifestou por nota, não cita a inclusão do acessório nas máquinas.
A fornecedora disse que enviou laptops com câmeras "de forma a priorizar a entrega dos equipamentos aos professores, honrando o compromisso com os professores e com o governo do Estado de São Paulo".
Por meio do programa, o professor pode comprar o laptop em até 24 parcelas de R$ 72,42, o que representa R$ 1.738 no total. À época do lançamento, feito por Serra, a máquina estava estimada pela secretaria em R$ 2.500, que afirmava que gastaria R$ 15 milhões para garantir o juro zero.
Apresentado em outubro de 2008, com previsão para início em dezembro, o programa só passou a entregar os computadores em março deste ano.
Segundo o governo, o atraso ocorreu porque houve mudança da configuração do equipamento a ser adquirido, mais moderno e pelo mesmo preço.
Empresa afirma que usou máquinas do estoque para agilizar entrega , sem custo adicional; governo diz que próximo lote virá com câmera
programa de compra de laptops com ajuda do governo têm recebido computadores com acessórios diferentes, apesar de terem pago o mesmo preço.
O projeto prevê auxílio do governo estadual no financiamento das máquinas aos docentes, com parcelamento em até 24 vezes sem juros, e preços abaixo do mercado.
As primeiras 10 mil máquinas entregues no projeto possuíam webcam (câmera).
O acessório não consta nas demais (cerca de 17.500).
Segundo integrantes do governo José Serra (PSDB), as exigências da licitação não previam o equipamento.
A inclusão da câmera no primeiro lote, dizem, foi feita por decisão da Positivo Informática, vencedora da disputa.
A empresa afirma que, num primeiro momento, possuía em estoque apenas máquinas que dispunham da webcam.
Por essa razão, para não atrasar a entrega, enviou os computadores com o equipamento não exigido na especificação, sem custo adicional para o governo, entre março e abril.
A empresa afirma que, quando conseguiu repor o estoque, passou a enviar as máquinas sem as câmeras.
"Só comprei o laptop porque vi os dos colegas, completinhos. Quando o meu chegou, fiquei decepcionada", afirmou uma professora de Capivari (135 km de SP), que pediu para que seu nome não fosse publicado.
Ela recebeu a máquina na semana passada. "É injusto, porque paguei o mesmo preço".
Pedido
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação disse que pediu à Positivo que inclua a câmera nos próximos lotes. A empresa, que também se manifestou por nota, não cita a inclusão do acessório nas máquinas.
A fornecedora disse que enviou laptops com câmeras "de forma a priorizar a entrega dos equipamentos aos professores, honrando o compromisso com os professores e com o governo do Estado de São Paulo".
Por meio do programa, o professor pode comprar o laptop em até 24 parcelas de R$ 72,42, o que representa R$ 1.738 no total. À época do lançamento, feito por Serra, a máquina estava estimada pela secretaria em R$ 2.500, que afirmava que gastaria R$ 15 milhões para garantir o juro zero.
Apresentado em outubro de 2008, com previsão para início em dezembro, o programa só passou a entregar os computadores em março deste ano.
Segundo o governo, o atraso ocorreu porque houve mudança da configuração do equipamento a ser adquirido, mais moderno e pelo mesmo preço.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
MEC quer trocar matérias por áreas temáticas
A intenção é eliminar a atual divisão do conteúdo em 12 disciplinas no ensino médio e criar quatro grupos mais amplos
Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação; União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos Estados
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas; matemática; humanas; e exatas e biológicas).
Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.
A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito obrigatório).
O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será outro indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.
Liberdade
Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).
Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades dos estudantes.
O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média nacional.
O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo.
"A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12 disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o entorno, a vida prática", disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas para 3.000 horas, acréscimo de 25%).
"A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre si", afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.
"A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver sentido no que está aprendendo", disse Neves.
A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador. "Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil, mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar em disciplinas. Vai exigir muito treinamento."
O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos custos.
O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que dará parecer favorável. "Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino médio."
Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação; União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos Estados
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas; matemática; humanas; e exatas e biológicas).
Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.
A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito obrigatório).
O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será outro indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.
Liberdade
Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).
Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades dos estudantes.
O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média nacional.
O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo.
"A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12 disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o entorno, a vida prática", disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas para 3.000 horas, acréscimo de 25%).
"A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre si", afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.
"A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver sentido no que está aprendendo", disse Neves.
A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador. "Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil, mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar em disciplinas. Vai exigir muito treinamento."
O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos custos.
O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que dará parecer favorável. "Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino médio."
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