domingo, 22 de junho de 2008

RESUMO DO LIVRO “ESCOLA E DEMOCRACIA”

RESUMO DO LIVRO “ESCOLA E DEMOCRACIA”

Dermeval Saviani, nessa obra Escola e Democracia, procuram esclarecer a situação da Educação e a sua relação com a sociedade ao longo do tempo. O livro aborda uma síntese clara e didática das principais teorias da educação. Saviani parte do âmbito do fenômeno da marginalidade e da concepção de sociedade que as principais teorias da educação trazem e seu corpo. Ou seja, o texto é divido em quatro partes sendo:
As teorias da Educação e o problema da Marginalidade; Escola e Democracia I - A Teoria da Curvatura da Vara; Escola e Democracia II – Para além da Teoria da Curvatura da Vara e, finalmente, Onze teses sobre a educação e política.

Na primeira parte é dado enfoque às teorias não-críticas e apresentado as principais diferenças existentes entre a pedagogia tradicional, pedagogia nova e a pedagogia tecnicista. Na seqüência, é feito algumas considerações sobre as teorias crítico-reprodutivistas e, são elas: a) “teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica”; b) “teoria da escola enquanto aparelho ideológico de Estado (AIE)”; c) “teoria da escola dualista”. Saviani comenta cada uma delas e, em seguida faz uma pequena análise comparativa entre as teorias não-críticas e as reprodutivistas e explica ao leitor o motivo pelo qual não fez referência á “teoria da educação compensatória”.

No tópico seguinte ele faz menção da Teoria da Curvatura da Vara destacando três teses políticas: Tese filosófico-histórica; pedagógico-metodológica e uma terceira que, segundo o autor, é resultado da junção das duas primeiras, ”que é aquela conclusão segundo a qual quando mais se falou em democracia no interior da escola,...”p.59. Para finalizar o tópico Saviani colocam em evidência as conseqüências que essas teorias trouxeram para Educação brasileira. A terceira parte do livro é dedicada a reprodução as teses referidas no tópico anterior junto com algumas contribuições aos professores.

Saviani conclui deixando em evidência a relação entre educação e sociedade e que a responsabilidade dos professores é a de transformar cada aluno seu para que cada um compreenda seus direitos e deveres para a efetivação de uma nação melhor para se viver. Ele ainda apresenta como fechamento de suas proposições “Onze teses sobre educação e politica”.Com as Onze teses sobre educação e política, o autor procura situar o debate pedagogico e indica caminhos para a formulação de uma teoria crítica não reprodutiva, para uma pedagogia revolucionaria que “não é outra coisa senão aquela pedagogia empenhada decididamente em colocar a educação a serviço da transformação das relações de produção”.

TEXTO: CONCEPÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL E TEORIA HISTÓRICA-CRÍTICA DE DEMERVAL SAVIANI

A obra de Saviani tem como caracteristica marcante, analisar a sociedade brasileira no seu momento histórico.Os acontecimento politicos e os eventos historicos da sociedade brasileira sempre estiveram presente na obra de Saviani.No seu livroHistória das idéias pedagógica no Brasil Saviani contribui para o avanço das condições subjetivas necessárias ao cumprimento da grande tarefa por ele mesmo anunciada como prioritária: a defesa e a produção de uma educação pública de qualidade para todos os brasileiros. Ou Seja, o autor nos fala das correntes pedagógica que influenciaram o panorama da educação brasileira nas últimas décadas.Em entrevista publicada no informativa “Expressão Sindical” do Sinpro / Guarulhos quando pergundado sobre sua concepção filosofica orietadora das pratica educacionais

Nesse,sentido, Saviani retoma,
[...] em três atos, o drama do professor descrito no livro. Primeiro ato: o professor tinha a cabeça escolanovista, mas era obrigado a atuar nas condições tradicionais; segundo ato: nessas condições sobrevém a ele a tendência tecnicista, instando-o a ser eficiente e produtivo; terceiro ato: ao mesmo tempo, a visão crítico-reprodutivista veio mostrar que, na crença de estar formando indivíduos autônomos, o professor estava reproduzindo a ordem vigente e, assim, contribuindo para reforçar os mecanismos de exploração. Como as pedagogias contra-hegemônicas formuladas nos anos 80 não tiveram força para reverter esse quadro, nos 90 o professor entra no quarto e atual ato de seu drama: ainda se pede a ele eficiência e produtividade, mas agora sem seguir um planejamento rígido; não é preciso pautar sua ação por objetivos predefinidos e regras preestabelecidas. Como ocorre com os trabalhadores de modo geral, também os professores são instados a se aperfeiçoarem continuamente, num eterno processo de aprender a aprender. Acena-se, então, com cursos de atualização ou reciclagem referidos a aspectos fragmentários da atividade docente, todos eles aludindo a questões práticas do cotidiano. O mercado e seus porta-vozes governamentais parecem querer um professor ágil e flexível que, a partir de uma formação inicial ligeira, de curta duração e a baixo custo, prosseguiria sua qualificação no exercício da docência, lançando mão da reflexão sobre a própria prática, eventualmente apoiada em cursos rápidos, ditos também “oficinas”. Estas, recorrendo aos meios informáticos, transmitiriam em doses homeopáticas as habilidades que o tornariam competente nas pedagogias da “inclusão excludente”, do “aprender a aprender” e da “qualidade total”. É a concepção produtivista que, hegemônica desde a década de 70, é agora refuncionalizada numa espécie de neoprodutivismo (Fonte: Expressão Sindical Sinpro /Guarulhos Publicado em 17/09/07).

Segundo Saviani o pensamento pedagógico brasileiro sempre procuro aspiração cientifica no passado. Mas, a partir da década de noventa, sobreveio uma forte desvio, ou seja, a aspiração científica que antes havia ambicionado.Agora, cedeu lugar ao fenômeno da descrença na ciência. Daí o pensamento pedagógico brasileiro enveredou pelo caminho da desconstrução das idéias anteriores antepondo-lhes prefixos do tipo “pós” ou “neo”. Dessa metamorfose resultaram correntes como o neoprodutivismo, o neo-escolanovismo e o neoconstrutuvismo que dominam a cena pedagógica brasileira atual.O autor resume sua forma de entender a "pedagogia histórico-crítica" da seguinte forma:
[...] a pedagogia histórica-crítica é tributária da concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no que se refere às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural desenvolvida pela Escola de Vigotski. A educação é entendida como o ato de produzir, direta e indiretamente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Em outros termos, isso significa que a educação é entendida como mediação no seio da prática social global. A prática social põe-se, portanto, como o ponto de partida e o ponto de chegada da prática educativa. Daí ocorre um método pedagógico que parte da prática social em que o professor e aluno se encontram igualmente inseridos, ocupando porém, posições distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e no encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social. Aos momentos intermediários do método cabe identificar as questões suscitadas pela prática social (problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para a sua compreensão e solução (instrumentação) e viabilizar sua incorporação como elementos integrantes da própria vida dos alunos (catarse). (p. 420)

CONCLUSÃO

Contudo, Saviani, além do resgate e compreensão histórica da Educação, faz também algumas referencias, quanto às questões da ética, educação e cidadania. Em artigo para a revista Brasileira de Filosofia Saviani ele discorre sobre a sobre “etica e educação” que a educação institui o homem que é referencia tanto para ética como para a cidadania.

Nesse sentido, Saviani afirma

a educação como uma atividade mediadora no seio da pratica social global. Assim, a educação é entendida como instrumento, como um meio, como uma via através da qual o homem se torna plenamente homem apropriando-se da cultura, isto é, a produção humana historicamente acumulada. Nesses termos, a educação fará a mediação entre o homem e a ética permitindo ao homem assumir consciência da dimensão ética de sua existência com todas as implicações desse fato para a sua vida em sociedade.

Enfim, Enfim, Saviani tem seu nome consagrado entre os pensadores que, comprometidos com a luta pela democracia, dedica ou dedicaram parte de suas vidas em prol da educação, pois consideramna como um instrumento de mudança social e transformação da realidade Social.







REFERÊNCIAS

SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 35. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2002.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782008000100016&lng=en&nrm=iso
http://www.contee.org.br/secretarias/educacionais/materia_116.ht
http://www.centro-filos.org.br/?action=artigos&codigo=11

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Desenvolvimento da Linguagem

É verdade que a linguagem é feita de símbolos, mas os símbolos são, em certo sentido, o que há de mais real nas coisas, visto que lhes formulam as razões de existência (Wallon, 1979, p.199).


INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda as questões relacionadas com comunicação e linguagem, segundo Vygotsky e Piaget com base na leitura do texto da apostila, bem como tudo que foi visto e descutido em sala de aula. Ou seja, este trabalho aborda a concepção de Piaget sobre o desenvolvimento da linguagem na criança, bem como o de seu papel na aprendizagem. Enfim, aborda questões relacionadas com o desenvolvimento humano e a organização funcional do cérebro, de acordo com as contribuições de Luria e de Vygotsky.


DESENVOLVIMENTO
Quando, por volta dos dois anos de idade, uma criança começa a fala, as pessoas á sua volta não se dão conta de que algo fantástico está acontecendo. Em geral, os adultos ficam fascinados com os esforços que as crianças fazem para nomear algo presente em seu ambiente - um objeto, um animal, uma pessoa ou mesmo uma idéia, divertindo-se com as trocas e confusões que inevitavelmente ocorrem. Passa, no entanto, despercebido um fator fundamental, que se refere, justamente, ao impacto que a aquisição da linguagem tem sobre a vida da criança e daqueles que interagem com ela.
Cabe então perguntar: Por que a linguagem é tão importante? Qual é o seu papel no desenvolvimento infantil? Pode-se, de um lado, afirmar que a linguagem é fator de interação social?
É ela que permite a comunicação entre o indivíduos, a troca de informações e de experiências. Neste sentido, a linguagem é, sem dúvida, um fenômeno que diferencia os homens dos animais. A linguagem é atividade essecial do conhecimento do mundo do ponto de vista da aquisição. É o espaço em que a criança se constitui como sujeito e em que os objetos do mundo físico serão percebidos por elas, os papéis das palavras e as categorias lingüísticas não existem inicialmente, mas se instauram através da experiência ao longo do desenvolvimento infantil. A evolução da linguagem começa nas primeiras semanas de vida, ou seja, através do afeto, das intenções, dos sons articulados, da alimentação, ela se torna objeto de aprendizagem, portanto, crianças que não são estimuladas em suas atividades diárias, suas brincadeiras, escassez de respostas às suas perguntas, privação de experiências, poderão futuramente ter problemas relativo à expressão verbal.
Luria, neuropsicólogo russo, publica em 1987, que a palavra “não é somente um meio de substituição das coisas”, ou seja, não serve apenas para nomear os objectos, é, sim “a célula do pensamento”.Contudo, Luria observa que a referência exacta da palavra, por mais simples que pareça à primeira vista, é o produto de um longo desenvolvimento. De facto, ao acompanharmos o desenvolvimento da criança, torna-se fácil constatarmos que as palavras amadurecem em significado, paralelamente ao amadurecimento da criança. Linguagem e cognição crescem juntas, interdependentemente. A linguagem serve de substrato para melhor compreensão do mundo e a melhor compreensão do mundo traz novos instrumentos de apoio para o desenvolvimento linguístico.
Para Piaget a linguagem é uma função cognitiva semiótica, que emerge como fruto de uma evolução que se inicia num período sensório-motor, num processo que, de forma continuada, supõe dois pólos formadores de esquemas: o da acomodação e o da assimilação. Pelos esquemas do jogo e da imitação,a questão da linguagem ganha corpo.Isto é, o jogo primado da assimilação, garante a construção de um conhecimento sobre o mundo e a imitação, primado da acomodação, garante a aprendizagem da fala. Num certo momento, jogo e imitação se integram em equilíbrio permanente, formando o conjunto das adaptações inatuais, em contraste com a inteligência em ato ou em trabalho.
Já a fala, nesse aspecto, tem uma emergência ligeiramente posterior, uma vez que o conhecimento deve estar minimamente elaborado para que a linguagem possa representa-lo, o que a faz surgir apenas no final do período sensório-motor, já no desenvolvimento de condutas cognitivas do tipo semióticas, em que há um desligamento da inteligência essencialmente empírica e um movimento em direção a operações de combinação mental, estrutura do trabalho dito simbólico. Além disso, ela surge por imitação, num processo que lembra muito as situações de aprendizagem, o que reafirma um certo traço teleológico nessa questão, ainda que a teoria piagentiana insista numa continuidade funcional entre o sensório-motor e o representativo, continuidade esta que orienta a constituição das sucessivas estruturas. Para concluir, ao tratar da linguagem, postula que essa aparece no individuo apenas apartir de um estagio do desenvolvimento cognitivo,ou seja , a linguagem alem, de “espera” que uma etapa cognitiva se desenvolva para que o indivíduo possa começar a manifestar processo de “assimilação” ligados a aquisição da lingua.
Para Vygotsky o ser humano se caracteriza por uma sociabilidade primária. Henri Wallon expressa a mesma idéia de modo mais categórico: "Ele (o indivíduo) é geneticamente social". (Wallon, 1959)
Segundo Vygotsky, o sujeito não é um reflexo passivo do meio nem um espírito anterior ao contato com as coisas e pessoas.Pelo contrário, é um resultado da relação.E a consciência não é, digamos, um manancial que origina signos, mas um resultado dos própios signos.As fuções superiores não são apenas um requisito de comunicação, mas o resultado da própia comunicação.Vygotsky atribuía o status de ferramenta psicológica, por analogia com as ferramentas físicas, aos sistemas de signos, particularmente a linguagem.
Para ele a linguagem ocupa lugar de destaque como meio de a sociedade influenciar, e mesmo determinar, a constituição do indivíduo.Linguagem é toda forma de comunicação, me maneira que o pensamento ou a emoção de um é captado e compreendido por outro, (fala escrita, musica,cinema, escultura etc.)
Para Vygotsky a aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores: ela dá uma forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação. Neste sentido, a linguagem sistematiza a experiência direta dos sujeitos e, por isso, adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento. As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Propõe uma visão de formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela cultura.

CONCLUSÃO
Assim, para finalizar, o que se percebe ao analisar o que foi dito é que as diferenças entre Piaget e Vygotsky parecem ser muitas, mas eles partilham de pontos de vista semelhantes. Ou seja, ambos pensadores entenderam o conhecimento como adaptação e como construção individual e concordaram que a aprendizagem e o desenvolvimento são auto-regulados. Discordaram quanto ao processo de construção. Todavia, ambos viram o desenvolvimento e aprendizagem da criança como participativa, não ocorrendo de maneira automática. Estavam preocupados com o desenvolvimento intelectual, porém cada um começou e perseguiu por diferentes caminhos. Enquanto Piaget estava interessado em como o conhecimento é construído, Vygotsy ao contrario estava interessado na questão de como os fatores sociais e culturais influenciam o desenvolvimento intelectual.

Em relação a linguagem, Piaget considerou a linguagem como facilitadora, mas não como necessária ao desenvolvimento intelectual. Ou seja, Piaget considerou a linguagem falada como manifestação da função simbólica, quando o indivíduo emprega a capacidade de empregar símbolos para representar, o que reflete o desenvolvimento intelectual, mas não o produz. Já Vygotsky trata a aquisição da linguagem do meio social como o resultado entre raciocínio e pensamento em nível intelectual.
Para Piaget, a linguagem reflete, mas não produz inteligência. Ainda para Piaget o pensamento organiza a linguagem; Já para Vygotsky, a linguagem é quem organiza o pensamento. Vygotsky atribui importância a linguagem, pois além da função comunicativa, ela é essencial no processo de transição do interpessoal em intramental; na formação do pensamento e da consciência; na organização e planejamento da ação; na regulação do comportamento e, em todas as demais funções psíquicas superiores do sujeito, como vontade, memória e atenção. Se percebe como isso e que eles a usam com concepções bem diferentes, justamente porque o Vygotsky está trabalhando as coisas de fora para dentro Já Piaget esta trabalhando de dentro para fora. A interação e a linguagem têm um importante destaque no pensamento de Vygotsky, uma vez que irão contribuir no desenvolvimento dos processos psicológicos, através da ação. Porém Vygotsky ressalta que Piaget não percebeu a característica mais importante da fala egocêntrica Portanto, para o Piaget existe fala egocêntrica, mas ela é um indicador de que o desenvolvimento está saindo de dentrodo sujeito e indo para fora. E no Vygotsky é exatamente o oposto. Ou seja, Vygotsky atribui esse papel de mediador pela linguagem que desenvolve também outras funções psíquicas no sujeito. Para Piaget a aprendizagem depende do real desenvolvimento. Enfim, para Piaget, o pensamento aparece antes da linguagem e para Vygotsky, o pensamento e a linguagem são processos diferentes e se tornam interdependentes em expressão do meio.

Referências Bibliográficas
LURIA, Alexandr Romanovich e YUDOVICH, F. I. Linguagem e desenvolvimento intelectual da criança. 2ª ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1987
Piaget, J. Aprendizagem e Conhecimento. São Paulo Freitas Bastos, 1974 Piaget, J. Seis estudos de Psicologia, Rio de Janeiro Forense, 1987.Vygotsky, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo:Martins Fontes, 1987.